A proposta inclui a libertação de reféns nas primeiras 72 horas, oferece anistia a membros do Hamas que aceitem a paz, encoraja os moradores de Gaza a permanecerem e sugere que os EUA iniciem um diálogo entre Israel e Palestina.
A proposta dos EUA para encerrar o conflito em Gaza encoraja os palestinos a permanecerem na região e inclui a criação de um futuro Estado palestino.
O documento de 20 pontos, apresentado pelos EUA inclui também disposições que têm aparecido com frequência em diversas propostas formuladas por diferentes partes interessadas nos últimos meses. Isso inclui desde a libertação de todos os reféns até a destituição do Hamas do poder.
Entretanto, a decisão de encorajar abertamente os palestinos a permanecerem em Gaza representou uma mudança significativa na postura da administração Trump em relação ao assunto, levando em conta que, em fevereiro, Trump surpreendeu o mundo ao propor que os EUA tomassem o controle de Gaza e relocassem permanentemente toda a sua população de cerca de dois milhões de pessoas.
Essas afirmações impulsionaram consideravelmente a ideia entre os aliados de coalizão de extrema-direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, bem como entre políticos israelenses mais moderados. Desde então, esses grupos têm se esforçado para “promover a migração voluntária” dos residentes de Gaza, embora ainda não tenham obtido sucesso.
Inicialmente a mídia israelense divulgou um “Plano de 21 Pontos”, mas a Casa Branca divulgou um de 20… por volta das 22h30 (JER). Em vermelho, quando houver, a redação anterior, do plano de 21.
Antes de você ler, fique sabendo que nenhum destes 20 pontos cita categoricamente o desarmamento total ou parcial do Hamas como vem sendo publicado.
Os 20 pontos (Oficial Casa Branca)
1. Gaza será uma zona desradicalizada, livre de terrorismo, que não represente uma ameaça aos seus vizinhos.
(OBS: o conceito de desradicalização religiosa é um conceito ocidental imposto de cima para baixo que pretende se substituir o “ensino, a educação” nas áreas palestinas. O que ocidentalmente consideramos radical, os clétrigos jihadistas muçulmanos consideram normal, ideal e divino. Parecem estar visualizando as desnazificação da Alemanha Ocidental (onde o nazismo era uma ideologia e não um texto canônico religioso como as interpretações do islã jihadista são), e o desarmamento dos espíritos do povo japonês (onde a sociedade era e é politeísta, e existia um culto à personalidade do Imperador como uma evanescência divina, e não humana). A questão da radicalização entre os palestinos não é política. Já foi, no início. É religiosa através do sistema educacional onde as crianças ao invés de cantarem ‘Ciranda cirandinha’, nas escolas, cantam “Quando eu crescer vou derramar meu sangue por Al Aqsa”, ou seja, o ideal da vida adulta é morrer como mártir. Ensinado nas escolas desde a década de 1980. Só pode ser desarmado através de religião com a interferência direta da Arábia Saudita onde estão os principais tribunais de jurisprudência do mundo muçulmano. Os três mais importantes já condenaram o Hamas e proibiram apoiar o Hamas em abril de 2023, portanto seis meses ANTES do ataque de 7 de Outubro. Se e quando, estes tribunais, determinarem a invalidação dos textos dos clérigos do Hamas e reescreveram trechos do Livro da Jihad do século 9, removendo palavras atribuídas ao Profeta Momé, e introduzindo as suas, a desradicalização vai começar. Jamais de forma política. Apenas pela via religiosa.
2. Gaza será reconstruída para o benefício do povo de Gaza, que já sofreu mais do que o suficiente. (Gaza será reconstruída para o benefício de seu povo.)
OBS: aquela visão estranhíssima da “Riviera de Gaza” e de setores mais radicais dentro da coalização de governo de Israel, de uma Gaza Livre de Palestinos, deixou de existir. Felizmente.
3. Se ambas partes aceitarem esta proposta, a guerra terminará imediatamente. As forças israelenses se retirarão para a linha acordada para se prepararem para a libertação de reféns. Durante esse tempo, todas as operações militares, incluindo bombardeios aéreos e de artilharia, serão suspensas, e as linhas de batalha permanecerão congeladas até que as condições para a retirada completa por etapas sejam cumpridas. (Se ambas as partes aceitarem a proposta, a guerra terminará imediatamente, com as forças israelenses interrompendo todas as operações e se retirando gradualmente da Faixa.)
OBS: sem qualquer tipo cronograma pré-definido para a retirada gradual de tropas (que deverão ser substituídas por uma Força de Paz).
4. Dentro de 72 horas após Israel aceitar publicamente este acordo, todos os reféns, vivos e mortos, serão devolvidos. (Dentro de 48 horas após Israel aceitar publicamente o acordo, todos os reféns vivos e falecidos serão devolvidos.)
OBS: é curioso, e você leu certo – como assim “depois de Israel aceitar?” Quem tem que aceitar é o Hamas. Mesmo que o Hamas aceite, é muito provável um número de corpos, e esperamos que não de reféns vivos, sejam mantidos pelo Hamas definidos como “desaparecidos em combate” (por culpa de Israel é claro), como o caso do navegador da Força Aérea de Israel, Ron Arad, desaparecido no Líbano há quase 39 anos.
5. Uma vez que todos os reféns sejam libertados, Israel libertará 250 prisioneiros com pena de prisão perpétua, além de 1.700 gazenses que foram detidos após 7 de outubro de 2023, incluindo todas as mulheres e crianças detidas nesse contexto. Para cada refém israelense cujos restos sejam liberados, Israel liberará os restos de 15 gazenses falecidos. (Assim que os reféns forem devolvidos, Israel libertará várias centenas de prisioneiros de segurança palestinos cumprindo penas de prisão perpétua e mais de 1.000 gazenses presos desde o início da guerra, juntamente com os corpos de várias centenas de palestinos.)
OBS: provavelmente os corpos de que se trata aqui são dos 2.000 terroristas do Hamas abatidos pela defesa israelense, dentro do território de Israel nos dias 7 e 8 de outubro de 2023. Este é um dos itens que premia o terrorismo: sequestrar judeus para libertar terroristas assassinos condenados sempre compensou e vai continuar compensando. Lamentavelmente não é novidade. O pior é que ainda encontramos pessoas, nas mídias sociais, gritando que “não devemos negociar com terroristas”, sem entender que há mais de 20 anos se negocia. E a mídia esquerdista vai continuar igualando palestinos que recebem salário terrorista nas cadeias de Israel por terem assassinado israelenses, judeus e não judeus, a civis israelenses arrancados de suas casas e de uma festa rave trancafiados nas masmorras da Faixa de Gaza. Para a esquerda, ambos são “prisioneiros”. Nunca se esqueça de que as cadeias israelenses são tão perversas que Yahia Sinwar tinha um tumor cerebral que foi tratado e curado de graça pelo sistema de saúde de Israel, depois foi um dos 1.000 libertados na troca por Guilad Shalit, depois comandou a destruição de seu próprio povo ao atacar Israel de forma covarde.
6. Uma vez que todos os reféns sejam devolvidos, os membros do Hamas que se comprometerem com a convivência pacífica e com a remoção de suas armas receberão anistia. Membros do Hamas que desejarem deixar Gaza receberão passagem segura para países receptores. (Assim que os reféns forem devolvidos, os membros do Hamas que se comprometerem com a coexistência pacífica receberão anistia, enquanto os membros que desejarem deixar a Faixa terão passagem segura para países receptores.)
OBS: novamente temos aqui uma cláusula que vê a questão pela forma judaico-cristã ocidental e não pela forma árabe muçulmana. Será que há membros do Hamas que vão se comprometer com existência pacífica? É muito provável que não. Mas como Lenon, assassinado na calçada, cantava com Yoko: “Tudo que dizemos é deem uma chance para a paz”… seus terroristas nojentos.
7. Após a aceitação deste acordo, a ajuda total será imediatamente enviada para a Faixa de Gaza. No mínimo, as quantidades de ajuda serão consistentes com o que foi incluído no acordo de 19 de janeiro de 2025, referente à ajuda humanitária, incluindo a reabilitação da infraestrutura (água, eletricidade, esgoto), reabilitação de hospitais e padarias, e a entrada de equipamentos necessários para remover entulhos e abrir estradas. (Uma vez que esse acordo for alcançado, a ajuda humanitária entrará na Faixa em taxas não inferiores aos padrões estabelecidos no acordo de reféns de janeiro de 2025, que incluía 600 caminhões de ajuda por dia, além da reabilitação de infraestrutura crítica e a entrada de equipamentos para remoção de escombros.)
OBS: esta é um medida técnica necessaria, mas a redação inicial e a final são muito diferentes.
8. A entrada de distribuição e ajuda na Faixa de Gaza prosseguirá, sem interferência das duas partes, através das Nações Unidas e suas agências, e do Crescente Vermelho, além de outras instituições internacionais não associadas de nenhuma forma a qualquer das partes. A abertura da Passagem de Rafah em ambas as direções estará sujeita ao mesmo mecanismo implementado sob o acordo de 19 de janeiro de 2025. (A ajuda será distribuída — sem interferência de nenhum dos lados — pelas Nações Unidas e pelo Crescente Vermelho, junto com outras organizações internacionais não associadas a Israel ou ao Hamas.)
OBS: esta é um medida técnica necessária, mas joga no colo da ONU uma responsabilidade que ela já tem e não consegue exercer devido a violência do Hamas ao atacar os caminhões de ajuda humanitária para roubar a mão armada para si os produtos que o mundo está doando à população civil da Faixa de Gaza. A própria ONU já declarou publicamente que apenas 17% das cargas operadas por ela chegam aos destinos. Raffah depende da aceitação e controle pelo Egito.
O texto dessa cláusula aparenta ser deliberadamente impreciso e, aparentemente, permite a continuidade das atividades da Gaza Humanitarian Foundation (GHF), uma vez que é tecnicamente uma organização americana, apesar de ter sido concebida por israelenses vinculados ao governo e projetada para se alinhar à condução da guerra pelo governo israelense.
9. Gaza será governada sob a administração temporária e transitória de um comitê palestino tecnocrático e apolítico, responsável pela gestão diária dos serviços públicos e municípios para o povo de Gaza. Este comitê será composto por palestinos qualificados e especialistas internacionais, com supervisão e fiscalização de um novo órgão internacional transitório, o “Conselho da Paz,” que será presidido e dirigido pelo Presidente Donald J. Trump, com outros membros e chefes de estado a serem anunciados, incluindo o ex-primeiro-ministro Tony Blair. Este órgão estabelecerá o quadro e gerenciará o financiamento para a reabilitação de Gaza até que a Autoridade Palestina tenha concluído seu programa de reformas, conforme delineado em várias propostas, incluindo o plano de paz do Presidente Trump em 2020 e a proposta saudita-francesa, e possa retomar o controle de Gaza de forma segura e eficaz. Este órgão recorrerá aos melhores padrões internacionais para criar uma governança moderna e eficiente que sirva ao povo de Gaza e seja propícia à atração de investimentos. (Gaza será governada por um governo transitório temporário de tecnocratas palestinos responsáveis por fornecer serviços diários para o povo da Faixa. O comitê será supervisionado por um novo órgão internacional estabelecido pelos EUA em consulta com parceiros árabes e europeus. Ele estabelecerá um quadro para financiar a reconstrução de Gaza até que a Autoridade Palestina conclua seu programa de reformas.)
OBS: talvez esta seja a cláusula mais difícil de implementar sem uso da força. Trump quer o comando pessoal. A redação inicial e final são completamente diferentes.
Esta é a primeira referência do plano dos EUA à Autoridade Palestina com sede em Ramallah. Israel rejeitou a possibilidade de que a autoridade venha a governar Gaza, o que impede o que se tornou crucial para conseguir apoio árabe na administração da Faixa após o conflito, uma vez que a comunidade internacional vê a unificação da Cisjordânia e de Gaza sob um único governo reformado como fundamental para a estabilidade e paz duradoura.
A aparente decisão de adiar a definição do papel da Autoridade Palestina para um momento indeterminado pode ser difícil para Ramallah, mas a cidade também possui pouca influência para intervir nessas negociações. O nono ponto parece ter como forte inspiração o plano do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair para pôr fim ao conflito.
10. Um plano de desenvolvimento econômico de Trump para reconstruir e energizar Gaza será criado convocando um painel de especialistas que ajudaram a dar origem a algumas das prósperas cidades milagrosas modernas no Oriente Médio. Muitas propostas de investimento bem pensadas e ideias de desenvolvimento empolgantes foram elaboradas por grupos internacionais bem-intencionados, e serão consideradas para sintetizar os frameworks de segurança e governança para atrair e facilitar esses investimentos que criarão empregos, oportunidades e esperança para o futuro de Gaza. (Um plano econômico será criado para reconstruir Gaza por meio da convocação de especialistas com experiência na construção de cidades modernas do Oriente Médio e por meio da consideração de planos existentes destinados a atrair investimentos e criar empregos.)
OBS: clásula tecnocrata óbvia e cidades contruídas para os palestinos, com a mão de obra e pleno emprego deles. A imensa verba para a reconstrução será um prato cheio para corrupção. Com isso em mente, a Casa Branca procura “bem intencionados…”
11. Uma zona econômica será estabelecida, com tarifas reduzidas e taxas de acesso a serem negociadas pelos países participantes.
OBS: isso é algo interessante, para permitir a importação com impostos aliviados, pelo menos durante a reconstrução, projeto aliás, multibilionário que irá custar muito mais que guerra custou.
12. Ninguém será forçado a deixar Gaza, e aqueles que desejarem sair serão livres para fazê-lo e livres para retornar. Vamos incentivar as pessoas a ficarem e oferecer-lhes a oportunidade de construir uma Gaza melhor. (Ninguém será forçado a deixar Gaza, mas aqueles que optarem por sair poderão retornar. Além disso, os gazenses serão incentivados a permanecer na Faixa e terão a oportunidade de construir um futuro melhor lá.)
OBS: Essa cláusula fara todo o setor extremo da coalizão de governo israelense se opor ao plano. O sonho deles de uma Gaza Judaica sem a presença de muçulmanos palestinos e impedido aqui. O plano inicial do Trump de remover todos os palestinos também fez areia aqui.
13. Hamas e outras facções concordam em não ter nenhum papel na governança de Gaza, direta, indiretamente ou de qualquer forma. Toda a infraestrutura militar, terrorista e ofensiva, incluindo túneis e instalações de produção de armas, será destruída e não será reconstruída. Haverá um processo de desmilitarização de Gaza sob a supervisão de monitores independentes, que incluirá a colocação de armas permanentemente fora de uso através de um processo acordado de descomissionamento, e apoiado por um programa de recompra e reintegração financiado internacionalmente, tudo verificado pelos monitores independentes. Nova Gaza estará totalmente comprometida em construir uma economia próspera e em coexistir pacificamente com seus vizinhos. (O Hamas não terá nenhum papel na governança de Gaza. Haverá um compromisso para destruir e interromper a construção de qualquer infraestrutura militar ofensiva, incluindo túneis. Os novos líderes de Gaza se comprometerão com a coexistência pacífica com seus vizinhos.)
OBS: como impedir o Hamas de ter papel na governança se na primeira eleição livre que houver lá, eles voltam ao poder? Será que veremos o Hamas deixando de existir apenas nominalmente? Mudar de nome e continuar sendo eleito pode ser uma solução para eles. Muda o nome para Nova Gaza.
14. Uma garantia será fornecida pelos parceiros regionais para assegurar que o Hamas e as facções cumpram suas obrigações e que a Nova Gaza não represente uma ameaça para seus vizinhos ou seu povo. (Uma garantia de segurança será fornecida por parceiros regionais para garantir que o Hamas e outras facções de Gaza cumpram suas obrigações e que Gaza deixe de representar uma ameaça para Israel ou seu próprio povo.)
OBS: Purim nos lembra, ou melhor, nunca deveria nos ter deixado esquecer (mas esquecemos) que não podemos deixar nossa segurança a critério de outros governos ou países, principalmente a critério de governos e países árabes. Estes países devem sim interferir com o Hamas e conduzir os palestinos, enquanto Israel se mantém vigilante e pronto. A lida direta com os palestinos deve deixar de ser de Israel e passar a ser dos árabes vizinhos. Será que isso vai ser mais seguro ou mais perigoso? É preciso tentar. As soluções anteriores se esgotaram com esta guerra.
15. Os Estados Unidos trabalharão com parceiros árabes e internacionais para desenvolver uma Força Internacional de Estabilização (ISF) temporária para ser imediatamente implantada em Gaza. A ISF treinará e fornecerá apoio às forças policiais palestinas verificadas em Gaza, e consultará com a Jordânia e o Egito, que têm ampla experiência nesse campo. Esta força será a solução de segurança interna a longo prazo. As FSI trabalhará com Israel e Egito para ajudar a garantir as áreas de fronteira, juntamente com as recém-treinadas forças policiais palestinas. É fundamental impedir a entrada de munições em Gaza e facilitar o fluxo rápido e seguro de bens para reconstruir e revitalizar Gaza. Um mecanismo de desconflito será acordado pelas partes. (Os EUA trabalharão com parceiros árabes e outros internacionais para desenvolver uma força de estabilização internacional temporária que será imediatamente implantada em Gaza para supervisionar a segurança na Faixa. A força desenvolverá e treinará uma força policial palestina, que servirá como um órgão de segurança interna de longo prazo.)
OBS: o Oriente Médio já viu muitas forças internacionais separando os lados beligerantes, inclusive o Batalhão Suez, brasileiro, após a Guerra de 1956. Ainda existem forças da ONU tanto no Líbano quanto entre Israel e Síria. A FSI, uma força de manutenção de paz deste tipo na Faixa de Gaza, será apenas mais uma dentro da história dos conflitos militares na região. A cada vez que uma delas é proposta, muita gente dos dois lados a repudia, mas acaba sendo implementada.
16. Israel não ocupará nem anexará Gaza. À medida que as Forças de Segurança de Israel (ISF) estabelecem controle e estabilidade, as Forças de Defesa de Israel (IDF) se retirarão com base em padrões, marcos e cronogramas vinculados à desmilitarização que serão acordados entre as IDF, ISF, os garantidores e os Estados Unidos, com o objetivo de uma Gaza segura que não represente mais uma ameaça para Israel, Egito ou seus cidadãos. Na prática, as IDF entregarão progressivamente o território de Gaza que ocupam para as ISF de acordo com um acordo que farão com a autoridade transitória até que sejam completamente retiradas de Gaza, exceto por uma presença de perímetro de segurança que permanecerá até que Gaza esteja devidamente segura contra qualquer ameaça terrorista ressurgente. (Israel não ocupará nem anexará Gaza, e o IDF entregará gradualmente o território que atualmente ocupa, à medida que as forças de segurança substitutas estabelecerem controle e estabilidade na Faixa.)
OBS: mais uma cláusula que deita na areia o desejo de movimentos radicais religiosos em Israel de reocupar a Faixa de Gaza, desejos estes que a mídia antissemita coloca como vontade de todos os judeus e projeto de estado, quando se trata apenas do desejo de vertentes minoritárias do judaísmo e o mesmo na Coalizão de Governo, o primeiro ministro de Israel não as segue. A redação final difere totalmente da inicial. No plano, a zona de buffer de cerca de 1 km de largura ao longo de toda a fronteira entre Israel e Egito com a Faixa de Gaza pemanece sob controle israelense. É o que sempre se disse dentro de uma realidade de não anexação.
17. Caso o Hamas atrase ou rejeite esta proposta, o acima mencionado, incluindo a operação de ajuda ampliada, prosseguirá nas áreas livres de terror entregues das IDF para as ISF. (Se o Hamas atrasar ou rejeitar esta proposta, os pontos acima prosseguirão em áreas livres de terrorismo, que o IDF entregará gradualmente à força de estabilização internacional.)
OBS: esta é uma cláusula estranha. O Hamas rejeitar, significa não devolver os reféns. Ainda assim a ajuda humanitária e reconstrução deveriam começar ou se intensificar em áreas onde o grupo terrorista Hamas não opera dentro da Faixa de Gaza. Será que é possível implementar isso? Antes que alguém pergunte, se Israel iria ter que libertar presos, sem que o Hamas liberte reféns, é necessário saber que este ano, já foram libertados mais de 150 presos palestinos a troca de absolutamente nada.
Esta é a primeira referência à ideia de que o acordo poderia ser parcialmente posto em prática, ainda que o Hamas não aceite. Bem, se for uniliteral, então não é um acordo.
18. ORIGINAL REMOVIDA (Israel concorda em não realizar ataques futuros no Qatar. Os EUA e a comunidade internacional reconhecem o importante papel mediador de Doha no conflito de Gaza.)
18. Um processo de diálogo inter-religioso será estabelecido com base nos valores de tolerância e coexistência pacífica para tentar mudar mentalidades e narrativas de palestinos e israelenses, enfatizando os benefícios que podem ser derivados da paz. (Um processo será estabelecido para desradicalizar a população. Isso incluirá um diálogo inter-religioso destinado a mudar mentalidades e narrativas em Israel e Gaza.)
OBS: espera aí! Você entendeu? A cláusula 18 fala em desradicalizar Israel também? Dever ter sido sob efeito de drogas esta redação. Diálogo inter-religioso? Entre “os radicais muçulmanos e os radicais judeus”? Se há um ponto absurdo entre os 20 é este: o décimo nome. Qualquer mudança só poderá ser intra-religiosa, dentro das religiões e jamais e “conversa ou debate” entre elas.
19. Enquanto o redesenvolvimento de Gaza avança e o programa de reforma da ANP for fielmente executado, as condições podem finalmente estar no lugar para um caminho credível para a autodeterminação e a soberania palestina, que reconhecemos como a aspiração do povo palestino. (Quando a reconstrução de Gaza tiver avançado e o programa de reformas da Autoridade Palestina tiver sido implementado, as condições podem estar prontas para um caminho crível para a formação de um Estado palestino, que é reconhecido como a aspiração do povo palestino.)
OBS: A cláusula não especifica detalhes sobre o programa de reformas palestino nem estabelece de forma definitiva quando será possível iniciar a formação do Estado. Até porque ninguém, de lado algum, sabe como iniciar ou implementar um processo destes no mundo real.
20. Os Estados Unidos estabelecerão um diálogo entre Israel e os palestinos para concordar com um horizonte político para uma coexistência pacífica e próspera. (Os EUA estabelecerão um diálogo entre Israel e os palestinos para chegar a um horizonte político para a coexistência pacífica)
OBS: E todos assando tâmaras, sentados ao redor de uma fogueira, cantando Kumbaiá, seja lá como se diga isso em hebraico e árabe. Se houver coexistência atritada, já vai estar melhor que nenhuma coexistência.
Por José Roitberg – jornalista e pesquisador