Gravura sobre Simcha Torá de 1850 nos EUA

1850 – De fato, a gravura foi publicada em algum momento entre 1844 e 1850, nos Estados Unidos, mas não se sabe ao certo. Mostra Simcha Torah numa sinagoga genérica. O curioso é que estão representadas, em primeiro plano, quatro duplas de judeus de origens completamente diferentes, pelas suas barbas, chapéus e inclusive, improváveis kipot naquele período histórico, provando que já tinha começado o movimento pelo seu uso. Um menino pequeno com talit é um erro teológico. A arte da gravura é de John McRae.

O motivo desta mistura artística pode ser explicado conhecendo um resumo da história do editor. O título da gravura é “A Jubiliosa Procissão da Lei.”

Mordecai Manuel Noah nasceu na Filadélfia, Pensilvânia, em 19 de julho de 1785, filho de Manuel Noah, um herói da Guerra Revolucionária, e Zipporah Phillips, uma descendente do Dr. Samuel Nunez, que havia fugido da Inquisição e se estabelecido na Geórgia em 1732. Noah faleceu em 1851.

Ele nasceu em uma família de ascendência mista asquenazita e sefaradita portuguesa. Ele foi o líder leigo judeu mais importante em Nova York no início do século XIX, e um dos primeiros judeus nascidos nos Estados Unidos a alcançar destaque nacional.

Subsequentemente, ele serviu como Inspetor do Porto de Nova York e como juiz. Em uma de suas biografias curtas na Internet, consta que ele foi xerife em NY, na outra não consta. Em 1813, ele foi nomeado pelo Presidente James Madison como Cônsul no Reino da Tunísia. Com essa nomeação, ele foi o primeiro judeu a alcançar destaque nacional na América. Em dois anos ele foi removido, porque, nas palavras do Secretário de Estado James Monroe, sua religião era “um obstáculo ao exercício de [sua] função consular.”

1819 Mordecai Noah Travels Likud Brasil
Gravura de Mordechai Manuel Noah no início de seu livro de 1819 – Viagens – pela Inglaterra, França, Espanha e os Estados Bárbaros (Bérberes), centro-norte do litoral africano.

Escreveu quatro livros. Um deles, em 1837, defendia “a evidência de que os índios americanos eram descendentes de uma das tribos perdidas e Israel.”

Há muito tempo atraído pela ideia de uma restauração territorial judaica, em 1825 Noah ajudou a comprar um terreno na “Great Island (Ilha Grande)” no rio Niágara, perto de Buffalo, Nova York, que ele nomeou de Ararat e imaginou como uma colônia judaica. Imaginava um Estado Judeu ali, e ele como governante. Embora a proposta tenha suscitado muita discussão, a tentativa não foi bem-sucedida e as pretensões de Noah como governante foram ridicularizadas. Após o fracasso da experiência de Ararat, Noah se voltou com mais afinco para a ideia da Palestina como um lar nacional para os judeus.

Noah mudou-se para Nova York, onde fundou e editou os jornais The National Advocate, The New York Enquirer (mais tarde fundido no New York Courier and Enquirer), The Evening Star e The Sunday Times.

Um dos aspectos interessantes de ir fundo na história judaica moderna ou contemporânea, como os historiadores preferem definir, é descobrir fatos que foram amplamente conhecidos e tornaram-se absolutamente desconhecidos, como este breve resumo de quem foi considerado o judeu norte-americano mais proeminente o século 19. Eu também não sabia. Apenas fui pesquisar sobre quem tinha sido o editor da gravura.

por José Roitberg – jornalista e pesquisador

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