Minutinho de História Judaica Moderna
É só a foto de um casamento judaico. Mas é do ano de 1920 em Cabul, capital do Afeganistão. Eu colorizei.
Segundo os iranianos, e não nós, os primeiros judeus chegaram ao que hoje é o Afeganistão há cerca de 2.612 anos após a destruição do Primeiro Templo, por Nabucodonosor, e o exílio de 60 anos na Babilônia. Quando o rei Ciro encerrou a dispersão forçada dos judeus, parte retornou para Judah e Ciro aportou verba e nomeou um interventor para a reconstrução do Templo, mas a maior parte dos judeus ou ficou na Babilônia, ou foi para o norte e alguns para o leste, chegando a Herat, no norte do Afeganistão, onde se estabeleceram inicialmente.
O geógrafo árabe do século XII Muhammad al-Idrisi escreveu que a cidade de Cabul tinha um bairro judeu.
Na foto vemos os noivos ao centro e provavelmente seus familiares mais próximos e depois amigos, do centro para fora. Várias crianças, um grupo de música com dois homens (azul e vermelho) e uma mulher e um costume que nunca vi em qualquer outra foto: a árvore foi decorada envolta em tecidos e não temos nenhum parâmetro para imaginar de que cor eram. Provavelmente tiraram o tape que estava na decoração e o colocaram no chão para a foto.
Após a fome nas repúblicas soviéticas (menos na Rússia) de 1930–1933, um número significativo de judeus bucaranos atravessou a fronteira para o Reino do Afeganistão como parte da crise mais ampla de refugiados relacionada à fome. No total, cerca de 60.000 refugiados judeus do Cazaquistão haviam fugido da União Soviética e chegado ao Afeganistão. Imagine que o Afeganistão já foi um porto seguro.
Em 1933, estes refugiados foram distribuídos entre Cabul e Herat. Mas em novembro o rei Mohammad Nadir Shah foi assassinado e o novo governo começou a descontar nos judeus. Em 1935 começaram a ser excluídos da sociedade. Leis exigiam que vestissem roupas especiais diferenciadas, as mulheres judias não podiam entrar nos mercados, havia uma distância mínima de uma mesquita para os judeus poderem morar, judeus foram proibidos de andar a cavalo.
Em 1935, o Congresso Sionista Mundial estimou que, daqueles 60.000 judeus que fugiram da URSS, 40.000 tinham sido mortos ou morrido de fome no Afeganistão. No mesmo ano, a Alemanha Nazista era o país com maior influência no Afeganistão e classificou os afegãos muçulmanos como arianos. Em 1938, uma nova lei determinou que os judeus só poderiam exercer um tipo de trabalho: engraxates.
Muitos tentaram imigrar para a Índia (ainda não existia o Paquistão) e imagine… As tropas britânicas não permitiram… Durante a Segunda Guerra Mundial, milhares conseguiram ir para a Palestina do Mandato Britânico e a história deste movimento está meio que perdida.
Em 1948 havia 5.000 judeus no Afeganistão e em 1989 somente 300 restaram no país. Em 1996 havia apenas 10 pessoas. Em Israel vivem 10.000 descendentes de judeus afegãos, enquanto 200 famílias vivem no Queens, em Nova Iorque, e 100 judeus vivem em Londres. Em 2021, na última grande ofensiva Talibã, os últimos dois judeus, Zablon Simantob e Tova Moradi, conseguiram fugir para Israel.
Este tipo de resgate histórico faz parte de uma iniciativa intelectual do Yad Vashem, de Jerusalém, que determinou a produção de conteúdos de “como vivemos” ao invés de “como morremos”. Mas é muito difícil que os historiadores judeus o façam. A literatura de “como morremos” é vasta, inclusive a documentação iconográfica é enorme. O “como vivemos” ainda está começando a surgir.
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